sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A BANDEIRA DE MINAS GERAIS





Liberdade ainda que tardia é a tradução mais comumente dada ao dístico em latim Libertas Quæ Sera Tamen, proposto pelos inconfidentes para marcar a bandeira da república que idealizaram, naCapitania de Minas Gerais, no Brasil do final do século XVIII.

A expressão em latim acabou sendo aproveitada para adornar a bandeira do estado em que a capitania dasMinas Gerais se tornou, já no século XIX, e foi isso que manteve a frase viva até os tempos atuais. No entanto, muitos dos latinistas modernos criticam a correção do uso da frase.
[editar]Origem do texto em latim

O texto em latim foi retirado da primeira Écloga de Virgílio. Faz ela parte do diálogo entre Meliboeus e Tityrus, inserida no seguinte trecho:

"Et quae tanta fuit Romam tibi causa videnti?"
"Libertas, quae sera tamen, respexit inertem,
(Candidior postquam tondenti barba cadebat,
Respexit tamen et longo post tempore venit,
Postquam nos Amaryllis habet, Galatea reliquit.").
[editar]Polêmica da tradução

Há um certo consenso na tradução da pergunta de Meliboeus. A tradução seria: "E qual foi o forte motivo para visitares Roma?" Mas há divergências na tradução da resposta de Tityrus. Para alguns a melhor tradução seria: "A Liberdade, que embora tardia, contudo, olhou favoravelmente para mim, inerte." Para outros seria: "A Liberdade que, mesmo tardia, olhou, contudo, inerte para mim." Ou: "A Liberdade que, embora tardia, contudo olhou favoravelmente para mim, que nada fiz." Ou ainda: "A liberdade que tardia, todavia, apiedou-se de mim, na minha inércia".

Em polêmico artigo escrito em 1979 na revista Veja [1], o escritor Millôr Fernandes sustentou que, se o sentido buscado era "liberdade ainda que tardia", o texto em latim deveria ser apenas "libertas quae sera", já que, conforme explicou Paulo Rónai [2], "devido à força da condensação da língua latina, ao simples adjetivo sera já cabe valor adversativo: embora tardia."

De acordo com Deonísio da Silva [3], uma tradução isenta do dístico dos inconfidentes seria "a liberdade que tardia, todavia...", o que evidentemente não faz sentido.

Mas é possível defender a intenção original. Sabemos que a frase dos inconfidentes, proposta para a sua bandeira, foi sugerida por Alvarenga Peixoto e aprovada por Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, todos notáveis latinistas que dificilmente cometeriam um erro na tradução do verso de Virgílio, cuja primeira Écloga sempre foi uma obra muito conhecida através dos séculos. Muito provavelmente, a leitura que fizeram do verso do poeta latino tenha sido: "A Liberdade que, mesmo tardia, ainda me olhou inerte". Porém essa frase não fazia sentido aos propósitos que queriam e tiveram que introduzir um corte, o que, para muitos, teria resultado numa mutilação que deixou o original de Virgílio sem sentido.

A tradução oficial da frase "Libertas Quae Sera Tamen" estampada na bandeira mineira seria "Liberdade ainda que tardia", tradução essa que conta com o apoio pacífico da maioria dos latinistas. De fato, consultando-se qualquer bom dicionário de latim e examinado cada uma das palavras fora do contexto do verso, chega-se literalmente e sem dificuldades à tradução oficialmente chancelada pelas autoridades do estado de Minas Gerais. Certamente os poetas inconfidentes também estavam convencidos de que a frase, mesmo sendo uma mutilação, traduzia, com toda a propriedade, a intenção poética de Virgílio.





De acordo com Tiradentes, o triângulo central simbolizava a Santíssima Trindade, e, segundo muitos, os ideais pregados pela Revolução FrancesaLiberdade, Igualdade e Fraternidade. Há controvérsias a respeito da cor original do triângulo, que alguns julgam ser verde originalmente. O vermelho, contudo, acabou sendo adotado como símbolo-mor das revoluções.O triângulo também demonstra a influência da Maçonaria na Inconfidência Mineira, por ser um dos símbolos usados por esta organização.







Referências

↑ FERNANDES, Millôr: revista Veja, 17/01/1979.
↑ RÓNAI, Paulo: "Dicionário Universal de Citações", Editora Nova Fronteira, 1985.
↑ "Um crucifixo com a marca INRI", Jornal do Brasil, 14/03/2005. Página visitada em 04/05/2009.



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