quinta-feira, 22 de outubro de 2009

AS CORES NA HERÁLDICA

Ouro Metal Ouro Cor Ouro Tipográfico Topázio



Cor: AMARELO
Em outras línguas: GOLD, OR, ORO
Representação: superfície pontuada
Metal: ouro
Pedra preciosa: topázio
Astro celestial: Sol
Elemento da natureza: fogo
Dia da semana: domingo
Mês: julho
Virtude: caridade e excelência da nobreza.
Na armaria real é: "tol"
Na armaria de nobres é: "topázio"
Na armaria dos demais: "ouro"
Obrigações cavaleirísticas: servir seus soberanos cultivando as belas letras.







Prata Metal Prata Cor Prata Tipográfico Pérola



Cor: BRANCO
Em outras línguas: SILVER, ARGANTE ou ARJANTE, ARJENT
Representação: superfície lisa
Metal: prata
Pedra preciosa: pérola
Astro celestial: Lua
Elemento da natureza: água
Dia da semana: segunda-feira
Mês: junho
Virtude: fé, pureza, integridade.
Na armaria real é: "lua"
Na armaria de nobres é: "pérola"
Na armaria dos demais: "prata"
Obrigações cavaleirísticas: servir seu soberano na náutica, defender as donzelas e amparar os órfãos.

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São cinco as cores tradicionais em toda a arte Heráldica:






Vermelho Cor Vermelho Tipográfico Rubí



Cor: VERMELHO
Em outras línguas: GULES, SANGUE, SANGÜINHO, RED, ROUGE, ROT, ROSSO, ROJO
Representação: linhas traçadas na vertical
Metal: ?
Pedra preciosa: rubí
Astro celestial: Marte
Elemento da natureza: fogo
Dia da semana: terça-feira
Mês: março e outubro
Virtude: fortaleza, bons cuidados, valorosidade, fidelidade, alegria e honra
Na armaria real é: "marte"
Na armaria de nobres é: "rubí"
Na armaria dos demais: "gules"
Obrigações cavaleirísticas: socorrer os oprimidos injustamente






Azul Cor Azul Tipográfico Safira



Cor: AZUL
Em outras línguas: BLUE, AZURRE, BLAU, CELESTER, BLEU, BLU.
Representação: linhas traçadas na horizontal
Metal: ?
Pedra preciosa: safira
Astro celestial: Vênus
Elemento da natureza: ar
Dia da semana: sexta-feira
Mês: setembro e dezembro
Virtude: justiça, cuidado pela doçura, lealdade, inocência e piedade.
Na armaria real é: "júpiter"
Na armaria de nobres é: "safira"
Na armaria dos demais: "blau"
Obrigações cavaleirísticas: promover a agricultura, socorrer os desempregados injustamente por seus patrões.






Verde Cor Verde Tipográfico Esmeralda



Cor: VERDE
Em outras línguas: GREEN, VERT, GRÜN, SINOPLE, ou SINOPLA.
Representação: superfície traçada em oblíquo de cima para a direita
Metal: ?
Pedra preciosa: esmeralda
Astro celestial: Mercúrio
Elemento da natureza: água
Dia da semana: quarta-feira
Mês: maio e agosto
Virtude: esperança, cuidado, constância, intrepidez, silêncio, abundância e amizade.
Na armaria real é: "vênus"
Na armaria de nobres é: "esmeralda"
Na armaria dos demais: "sinople"
Obrigações cavaleirísticas: servir ao rei no comércio e socorrer os lavradores






Púrpura Cor Púrpura Tipográfico Ametista



Cor: PÚRPURA (roxo - violeta)
Em outras línguas: JACINTO, PÚRPURE
Representação: linhas traçadas em oblíquo de cima para a esquerda
Metal: estanho
Pedra preciosa: ametista
Astro celestial: Terra
Elemento da natureza: terra
Dia da semana: quinta-feira
Mês: fevereiro e novembro
Virtude: justiça, cuidados humanos, ingenuidade, verdade, grandeza, sabedoria e amor.
Na armaria real é: "mercúrio"
Na armaria de nobres é: "ametista"
Na armaria dos demais: "púrpure"
Obrigações cavaleirísticas: defender as personalidades eclesiásticas






Negro Cor Negro Tipográfico Diamante



Cor: PRETO
Em outras línguas: NEGRO, BLACK, SABLE
Representação: linhas traçadas na horizontal e na vertical sobrepostas
Metal: ferro
Pedra preciosa: diamante
Astro celestial: Saturno
Elemento da natureza: metal
Dia da semana: sábado
Mês: janeiro e abril
Virtude: prudência, cuidados humanos, modéstia, temor, discrição.
Na armaria real é: "saturno"
Na armaria de nobres é: "diamante"
Na armaria dos demais: "sable"
Obrigações cavaleirísticas: servir ao rei política e militarmente.

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As cores menos tradicionais são:





Laranja Cor Laranja Tipográfico



Cor: LARANJA
Em outras línguas: ORANGE
Representação: linhas tracejadas em filetes intercalados por pontos na vertical





Escarlate Cor Escarlate Tipográfico



Cor: VERMELHO ESCURO
Em outras línguas: SANGÜÍNE
Pedra preciosa: Sardônica
Representação: linhas traçadas na horizontal, sobrepostas a outras traçadas em oblíquo de cima para a direita.





Vinho Cor Vinho Tipográfico



Cor: VERMELHO + ROXO
Em outras línguas: MURRAY, MURREY
Pedra preciosa: Sardônica
Representação: linhas traçadas em oblíquo de cima para a esquerda, sobrepostas a outras traçadas em oblíquo de cima para a direita.





Marrom Cor Marrom Tipográfico



Cor: MARROM
Em outras línguas: PARDO, BROWN, TAN, TENNÉ, BRUNO
Pedra preciosa: Jacinto
Representação: linhas traçadas na vertical, sobrepostas a outras traçadas em oblíquo de cima para a direita.





Cinza Cor Cinza Tipográfico



Cor: CINZA
Em outras línguas: CENERINO, GRAY, CENDRÉE
Metal: Ferro
Observação: Utilizado somente para descrição de figuras e peças em ferro.
Representação: linhas tracejadas em filetes na horizontal





Carnação Cor Carnação Tipográfico



Cor: ARROSADO (pele humana européia)
Em outras línguas: CARNATION, CARNACÍON, CARNAGIONE, CARNAISON
Observação: Utilizado somente para descrição da pele humana.
Representação: linhas tracejadas em filetes na vertical

ABERRAÇÃO HERÁLDICA

Desde o ano de 1500, quando o Brasil foi descoberto e colonizado pelos portugueses, que a heráldica também entrou neste país (colônia na época) existindo como heráldica nas regras de Portugal.
A Heráldica (ou armaria ou parassematografia) é a arte de formar e descrever o brasão de armas, que é um conjunto de peças, figuras e ornatos dispostos no campo de um escudo e/ou fora dele, e que representam as armas de uma nação, país, estado, cidade, de um soberano, de uma família, de um indivíduo, de uma corporação ou associação.
Ao ato de desenhar um brasão dá-se o nome de brasonar. Para termos a certeza de que os heraldistas, após a leitura das descrições, estão a brasonar corretamente, criando brasões precisos e semelhantes entre si, a arte de brasonar segue uma série de regras mais ou menos estritas.
Portanto, no Brasil, pela escassez de livros e institutos heráldicos e desconhecimento científico de designers e desenhistas encontramos várias aberrações, que, em hipótese nenhuma  seriam acuradas pelas leis que regem a heráldica e a vexilologia.


Vejamos um exemplo:
BRASÃO DO MUNICÍPIO DE MANAUS   X  BRASÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE MANAUS




O QUE PODEMOS ANALISAR?


DO BRASÃO MUNICIPAL:
1º ausência de coroa mural ( a coroa mural é uma peça usada, exclusivamente, nos brasões de domínio e ou domicílio, e tem a função da representatividade de toda evolução político-administrativa das comunidades).
Sua representatividade é a seguinte: coroa mural de 3 torres é para aldeias; 4 torres para vilas, e 5 torres para cidades (todas em prata). As coroas de 5 torres em ouro são privativas de cidades capital de Estado.


DO BRASÃO DA GUARDA:
Por ser um brasão de guarda municipal, jamais poderia ter uma coroa mural.


A MAIOR ABERRAÇÃO:
Para piorar, além do brasão municipal não conter coroa mural, ainda colocaram o brasão municipal errado dentro do brasão errado da guarda municipal. 
Onde vamos parar?


No brasão não existe nem o topônimo (nome da localidade). Manaus!


ou seja: Seria mais fácil dizer que o brasão do município é o da guarda e o da guarda é o do município.


VAI ENTENDER!!??!?!?!?!?!?!?!?!?


Heráldica. Símbolos nobres, significados reais



Ericson Straub / Mariana Di Addario




Conheça um pouco mais da história da heráldica, e sobre como esta arte da Idade Média continua viva e atual no século XXI
No ano de 1095, uma multidão se aglomerava em uma das entradas da cidade de Clermont, na França, aguardando um grande anúncio que seria realizado pelo Papa Urbano II. Neste dia, o líder da Igreja Católica conclamou os presentes, assim como todo o mundo civilizado, para lutar contra os “infiéis” no oriente.
Mal ele terminou de proferir suas palavras, os presentes já caíam de joelhos implorando permissão para juntar-se à causa desta guerra. Ricos e pobres se uniam com a mesma garantia: quem morresse em batalha teria a absolvição de seus pecados. Assim começavam as Cruzadas, um período que não seria esquecido pelos cristãos e principalmente pelos muçulmanos.
Este evento, além de ter tido uma grande importância para a história mundial, influenciou fortemente a criação e desenvolvimento das marcas e logotipos atuais. Isso porque, foi também durante o século XII, por conseqüência das Cruzadas, que surgiu a heráldica - a arte dos brasões - que até hoje guarda em sua simbologia conceitos como tradição, nobreza e qualidade.
A maior parte dos historiadores aponta que os brasões surgiram para identificar, rápida e facilmente, os soldados do exército cruzado dentro das batalhas. Em suas formas primárias, eram cruzes formadas por tiras de tecido que eram presas nas roupas dos guerreiros. Mas o número de símbolos e a variedade de formas aumentaram na mesma medida em que cresceu a adesão de nobres às causa da guerra santa.
Em pouco tempo, francos, teutões, ingleses, italianos, eslavos, e outras etnias, comandavam seus exércitos na luta contra os muçulmanos. Alguns destes países, outrora rivais, encontraram nas Cruzadas um interesse em comum e lutavam lado a lado no mesmo campo de batalha. Pelo grande número de exércitos, cada grupo de guerreiros era identificado pelo seu brasão, que estava estampado nas roupas, elmos, bandeiras e na vestimenta de seus cavalos. E assim foi até o fim do século XIII, quando a queda de Ptolomeu marcou o fim e o fracasso da empreitada.
Mesmo após o fim desta guerra, a heráldica continuou sendo amplamente utilizada como um importante símbolo de identificação ligado à aristocracia feudal. Como passou a ser a “marca” das famílias nobres, os brasões figuravam também nas festividades, cerimônias oficiais, torneios e desfiles. Já nesta época, a estética e a simbologia dos brasões havia evoluído, criando imagens complexamente ornamentadas. Por essa razão, houve a necessidade de serem criadas regras e critérios para a utilização de cores, formatos, elementos e estilização.




Ascensão da burguesia
Com o fim da Idade Média, os brasões deixaram de ser somente elementos de identificação e decoração, passando a ser usados pelas famílias como um verdadeiro “certificado” de origem. O brasão era quase uma extensão do sobrenome, pois agregava elementos figurativos e não-figurativos - como animais místicos, artefatos, plantas e fenômenos imaginários - que possuíam um vínculo com a região de origem, ou até mesmo com um conceito específico.
É também nesta época, com o início do Renascimento, que burguesia entrava em plena ascensão. Embora possuíssem o dinheiro e o conforto dignos de nobres, não gozavam dos privilégios e do status de uma linhagem nobre, facilmente identificada pelo brasão familiar. Em contrapartida, a aristocracia se encontrava em completa decadência, principalmente financeira, mas contavam com as vantagens que os títulos ofereciam.
Como as famílias burguesas não podiam adquirir os mesmos títulos, pois não possuíam o sangue nobre, muitos destes “novos ricos” passaram a comprar os brasões como forma de comprar um passado aristocrático. Por conseqüência, durante o Renascimento, a utilização dos brasões se multiplicou em toda a Europa. A maioria das famílias burguesas dos países em ascensão possuía seu brasão entalhado nas portas, aplicado em roupas e gravado em papéis de correspondência.
A Revolução Industrial trouxe uma nova realidade para a Europa. As indústrias que até então eram familiares e artesanais se tornam grandes negócios comandadas pelo capital e pela burguesia. E nesse contexto, a heráldica foi aplicada em várias marcas destas novas indústrias que surgiam. Representavam as abastadas famílias por trás dos negócios, utilizando os mesmo elementos presentes em seus brasões ou simplesmente criando um brasão específico para a nova empresa.
A complexidade dos elementos medievais
Os brasões eram concedidos pelos reis, por algum feito e por merecimento, e eram outorgados pelos arautos. Eram desenhados (iluminuras dos brasões) em pergaminhos, e hoje são registrados em livros especializados que são os dicionários heráldicos.
O brasão tem como forma principal a base triangular derivada dos escudos medievais com os espaços internos divididos em nove zonas, sendo que cada uma destas divisões serve de referência para descrever a localização, e, por conseqüência, a importância dos símbolos que irão compor o brasão.
Os metais, esmaltes e peles “cobrem” o escudo, e o critério de utilização de cada uma destas colorações dependerá do significado final para o brasão.  Uma das regras principais da heráldica define que metal nunca é combinado com metal, bem como esmalte nunca vai com esmalte, pois deve haver um contraste. As peles, que são padrões, muitas vezes são usadas como esmaltes, e nem sempre figuram nos brasões.

 Também são comuns as linhas ordinárias, ou seja, partições com formas geométricas que tem como principal função diferenciar os brasões. Estas linhas podem ser simples, planas, ou decoradas.
Para completar o significado do brasão, são usadas as mais variadas figuras e ornamentos. Eles se referem às realizações, virtudes, importância social e ocupação, e tem como objetivo personificar o que está sendo representado. Por isso, é muito comum vermos elementos e produtos da região de origem do brasão, como a flora, fauna e edificações.
Alguns símbolos - a coroa, o elmo, a flor-de-lis, cruz, e as armas - são usados pela heráldica desde seu início, pois estão diretamente relacionados à época em que ela surgiu. No entanto, muitos outros elementos passaram a ser incorporados nos brasões. Isso porque, a heráldica quando começou a se desenvolver na Europa era similar pela proximidade cultural entre os países. Quando o contexto histórico começou a mudar e evoluir, o mesmo aconteceu com a heráldica, que passou a absorver características locais. Hoje, são centenas de imagens que podem ser usadas nos brasões, e seus significados variam de acordo com o país.



A busca por valores esquecidos
No final do século XIX, o movimento art-nouveau rompeu com a estética vigente, anunciando o modernismo. Apesar da evolução, da tendência de uma nova simplificação mais funcional, a heráldica não perdeu seu conjunto de significados como um todo. O design dos logotipos das empresas seguiu pelo mesmo caminho estético apresentado em cada época, mas as referências dos antigos brasões continuam atuais.
Com a globalização e a supervalorização das marcas no final do século XX, muitas empresas passaram a buscar sua identidade, visando um conjunto de valores que, muitas vezes, vai além do logotipo. Uma das alternativas foi resgatar esta arte que utiliza a farta simbologia da Idade Média para criar um significado maior no conjunto.
Entre vários exemplos estão as fabricantes de carro Alfa Romeo, Porsche e Saab-Scania que incorporaram em suas logos os brasões, ou parte deles, de suas respectivas cidades de origem (Milão, Stuttgart e Scania). A Ferrari, com seu famoso cavalo dentro do escudo amarelo-ouro, em sua simplicidade traduz o luxo puro. Animais típicos da heráldica também são comuns em marcas de cigarro, como os leões da L&M e os cavalos da Marlboro. As coroas são referências comuns em marcas européias, já que é o principal ícone da realeza. Na França, a flor-de-lis, que foi estilizada e aplicada como logo da rede de mercados Carrefour, também é símbolo de nobreza e representa a corte francesa.
Mas não é somente como referência simbólica que a heráldica está presente atualmente. Por possuir o valor de tradição, valorização da origem e simbolismo sintético, os times de futebol de todo mundo possuem seus próprios escudos, montados seguindo - mesmo que nem sempre à risca - as regras dos brasões. As cidades dos quatro cantos do planeta também mantêm a tradição de possuir seu brasão próprio, utilizando elementos regionais da flora e fauna para compor a imagem. Além disso, existem pessoas especializadas em vender brasões. Estudam as regras da heráldica, buscam as origens familiares, pesquisam os símbolos relacionados e confeccionam um brasão digno da Idade Média.
Alguns breves significados:
A coroa evidentemente é o principal símbolo de nobreza. No entanto, em linhas heráldicas portuguesas e espanholas o elmo do cavaleiro também representava este papel.
O leão é o animal mais nobre nos escudos, é símbolo de força, grandeza, coragem, nobreza de condição, domínio e proteção.
A águia representa vitória, rapidez e velocidade.
O castelo significa que o representado teve destaque em tomadas de assalto, e quando o castelo aparece de portas abertas indica sucesso na defesa ou tomada. Nos brasões portugueses e espanhóis o castelo pode representar aliança com a casa real de Castela.
A cruz na heráldica é muito freqüente, sendo que seu significado e características variam de acordo com o país e o contexto em que é aplicada. Muitas famílias nobres européias utilizam a cruz em seus brasões como forma de lembrar sua participação nas cruzadas.
O dragão tem como um de seus significados São Jorge, padroeiro da Inglaterra.
A flor-de-lis também é um dos símbolos mais comuns nos brasões de armas, pois simboliza características ligadas à família, poder e soberania, pureza de corpo e alma, candura e felicidade. Além disso, é o símbolo da corte francesa.
Para saber mais:
Mollerup, Per. Marks of excellence. Phaidon, 1998
Oliveira, Sandra Regina Ramalho e. Simbologia aplicada ao design. UFSC, 2000
www.heraldica.com.br | www.museumedieval.com.br


Mariana Di Addario





Graduada em Jornalista - PUCPR